segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A um ausente de Carlos Drummond de Andrade


Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.



Antecipaste a hora.

Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.

Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?



Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.


Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
 porque te foste"
 
 
"Sentimos saudade de certos momentos da nossa vida e de certos momentos de pessoas que passaram por ela."
 
Um dia perguntei-te se querias ser meu pai, e tu respondeste-me:
- pai já tives-te e já não tens mais, mas posso ser teu amigo e ficar do teu lado...
Hoje agradeço-te por tudo e por teres ficado do meu lado,não a fazer de meu pai mas a ser um verdadeiro amigo...
 
Já se passaram 3anos e a dor continua... a doer da mesma maneira,pela tua partida para um lugarzinho onde estejas feliz e a olhar por nós!



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