quinta-feira, 28 de abril de 2011

Fumo



Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...

Florbela Espanca

sábado, 26 de março de 2011

Eu Gosto

Gosto

Gosto de passear na praia no inverno ,sentir a areia fria e do cheiro a sal
Gosto do pôr do sol,e de vê-lo de mãos dadas.
Gosto da primavera,do cheiro das flores,e dos dias pouco quentes.
Gosto quando na primavera os dias tem aquele brilhozinho,e sentir os primeiros raios de sol.
Gosto de abraços apertados e de ficar corada.
Gosto de não desgostar do verão.
Gosto de Andar a chinelar de um lado para o outro.
Gosto das noites de verão.
Gosto dançar a noite toda.
Gosto de acabar a noite numa praia.
Gosto de ver as folhas mudarem de cor,a cairem,e serem arrastadas pelo Outono.
Gosto de combinações perfeitas,
pijama,manta e filme.
Gosto de mary(s) jane(s).
Gosto do cheiro a terra molhada depois de chover
Gosto de rir por rir
Gosto de chorar a rir,e rir a chorar
Gosto de acordar sem obrigações,sem hora,sem tarefas...
Gosto daquele tempinho para mim de manhã de me mimar e de meter o meu creme...
Gosto de ler romances.
Gosto das coisas simples da vida....
Eu sou eu, basta apenas uma palavra e as palavras não bastam para me definir e jamais  resumir...a eterna sonhadora,a eterna apaixonada,a eterna habitante do mundo da lua...a eterna! Ana C 

"Não tenho morada certa [...] Mas resido dentro de mim."

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O Amor e o Tempo


Pela montanha alcantilada
Todos quatro em alegre companhia,
O Amor, o Tempo, a minha Amada
E eu subíamos um dia.

 
Da minha Amada no gentil semblante
Já se viam indícios de cansaço;
O Amor passava-nos adiante
E o Tempo acelerava o passo.


— «Amor! Amor! mais devagar!
Não corras tanto assim, que tão ligeira
Não pode com certeza caminhar
A minha doce companheira!»


Súbito, o Amor e o Tempo, combinados,
Abrem as asas trémulas ao vento...
— «Porque voais assim tão apressados?
Onde vos dirigis?» — Nesse momento,


Volta-se o Amor e diz com azedume:
— «Tende paciência, amigos meus!
Eu sempre tive este costume

De fugir com o Tempo... Adeus! Adeus!


António Feijó